23 de junho de 2009

Hermes


Ardem como um profundo corte imundo,
sangra como água corrente,
da ferida aberta, fluem novas vias,
a respiração, leve no ar

Da antiga dor desconhecida abriu-se a vida,
ainda há chaves dentro de mim
mas perdidos estão
os caminhos para as portas

A que se abriu, fedeu, doeu
uma morte acordada,
permanece, atrás, sangrando
buscando a esperança da cura

O que me segura é
a sensação de palavras de algodão
o escorregar da minha mão
sobre os papéis que aqui estão

Sua visão, a de palavras doloridas
expresso o mal-estar
ao olhá-lo e lhe falar,
brota uma falsa resolução

Não fechará jamais
após aberta, sozinha terei
que limpá-la, invadí-la
mas fechá-la... nunca mais.

16 de junho de 2009

Dualidade

Contraditório;
tudo é assim,
do contrário
tem o avesso
a antítese
o oposto
as costas
a frente
um num pólo,
outro no outro
o fundido
a fusão
que no certo
no errado,
tem os dois lados
não se atraem,
nem se repelem
é contraditório
que o fim
é sempre um;
meio a meio
não está fora
não está dentro
como no fim
é tudo um;
nem começo
nem fim
é uno;
tudo ou nada
nem sempre
nem nunca
o que é ou não é
é tudo ou nada;
Uno.

Erdinger


Mesclado refrescante, totalmente expressante, um pouco espumante. Tem um quê de inebriante, reflete um ter, que no líquido é ser e saber. Seu movimento é densidão, molhado e solidão. É dual, pois não? É transnasal, porque não? Só porque dele destoa o malte que lhe permeia a razão?

De todo conhecimento que brota do fundo de um oceano borbulhante, é simples como um taça, que carrega toda a inversão interna do ser que trás em si as vivências do cotidiano, que vão além do além. Ou seria com-ciência que devemos pensar para um ater mais terreno, ou um ateu que prometeu-me o perdão? De nunca mais olhar em vão para um que nem sempre me quis dar a razão, mesmo que, quando olhar através da taça que modifica minha visão, embassa-me meu coração, cada verso, brota da união.

Esgotaram-se assim os TER, SER, SABER; e entende-se que viver é preciso, o navegar não é preciso! Para isso termino, por aqui, por enquanto, sentado no chão da misericórdia, com um copo na mão e os dedos do pé.

Autoria de Esmeralda e Pedro Botafogo


15 de junho de 2009

Copo estilhaçado


Me deu uma dor,
dor pelo que fiz,
apenas me expressei,
exagerei!
Temos que ter cuidado,
se soltar demais,
perigo é.
Culpa aparece!
Graças a ti,
um ser que me segura,
os outros nos seguram.
As regras ditam.
Como pode?
Como posso,
ser o que tudo me conduz,
o que a realidade diz?
Porque não aquilo que me transborda?
Posso transmitir.
Pelo menos deixo-me invadir,
pelo sentimento que faz me sentir
Louca!
Ele me diz, me ajuda, me deixa ser.
Obrigada, pelo seu parecer,
posso assim,
evoluir,
um ouvir,
um viver,
As palavras dizem.

Necessidade=vontade

Necessidade não se acha,
não tem idade,
não tem rima,
não há negação.
Necessidade é vontade
para aquele que o instinto,
resurgiu fora de si.
Necessidade e vontade,
essencial para imortalidade.
Vingança extrema, vontade não determina
mente pequenina para palavras que ainda rima.
A deidade busca equanimidade,
mais uma vez,
a vontade que é necessidade.
Suba nas estrelas,
dentro de ti as achará
e entenderá,
que necessidade e vontade,
se pode comparar.
Na perplexidade, a vontade reinará,
buscará resposta para desmanchar.
Complexidade da necessidade,
encontrará o caminho para atenuar.
Imortalidade da vontade surgirá,
a visão para auto-consciêntização.
Da vontade-necessidade
não há fim,
MOVIMENTO.

Quem são-somos



Imundos/Mundanos
Somos quem para estes que chamamos?
Destes que desvias, os quais evitamos.
Cortantes feridas que não olhamos;
Do cheiro que exala, deles recuamos.
A aparência é o que contrapõe,
justamente seria o que depreciamos?
Do externo, vem o que instiga a viver
do próprio, é o que te faz fenecer!
Foge-se de dentro de si;
engana-se que vem dele o que odiamos.
Recusa, leveza se sente,
é aparente,
torna ardente,
olhar para o indegente.
Tamanha facilidade para onde o empurramos
Não esperam um obrigado,
nem mais um trocado.
Seus olhos barulhentos de túneis infindáveis
querem na verdade,
trocas memoráveis.
Transmitem seu odor, seu olhar, num suplico pedido:
Não vos embriagai!
A verdade é que os papéis estão trocados,
Pena de ti
Nem sabes o que plantastes.
Da incômoda misteriosa aparência,
nos enviam o recado
do errado que abortamos.

13 de junho de 2009

ARTE


ARTE no mundo imaginário:
Vida incendiada,
menina de papel
projetada como mel.
ARTE novamente,
para sempre em Cozumel.
ARTE impraticada:
uma mente atravancada
expressa o indizível,
toma conta do perigo.
Chuva interna,
referências perdidas
de uma alma embutida
pelos contrastes aqui vividos.
Perde-se em rumores intensos,
consequentes e de caráter indelével.
Novamente ARTE
acha-se uma parte
e outra ...
Não há mais rompantes
nem deslizes
que fragmentam mentes inebriantes.
Olha-se para fora
repara e com-sente
aquilo que está aparente,
termina-se por achar,
na ARTE novamente,
respostas do invisível.

11 de junho de 2009

predominANTE

Continuidades distantes,
portanto,
antes constantes
Paralelos mutantes
de pequenas tardes expressantes,
das tensões,
interesses predominantes,
da permissão do momento de insistir-se constante
para aquele que nunca mais ouviu um padecer num montante,
ou descrever a visão do instante,
sinequanon para um viajante;
enquanto resta na mais tarde árida,
o seu semblante.

loucura


Porque loucura é aquilo que o outro diz,
enquanto não será,
o que me permite ver o que lhes fará,
para mal algum,
algum há de se matar;
Para o morrer;
tem de se ter a invenção de um sentir do viver,
que se apreende no momento do desprazer.
Do oxigênio dito,
é aquilo em que repito e vivo,
fogo do viver me faz ser;
das entranhas do viver para a loucura que se pode ter.

Impermanente

Impermanente seria se não se pensasse.
No presente ilumina-se, no permanente alucina-se!
O querer é irreal,
nada se tem se não o agora,
no permanente desfaz-se o agora,
controla o que está fora,
retorna o vazio.
Na existência nada se perdoa,
até a dor que as vezes soa,
resurge em pensamentos que no tempo,
dispara a voar.
O que se tem no mar,
tem se no olhar,
ondas passageiras,
impermanentes;
olha-se com clareza de auto consciência;
se vê a impermanência daquele a qual até a dor de um coração
se desmancha no momento da visão,
visão no sentido do sentir,
sentir o que é só teu,
consegue-se assim,
olhar o que é teu de todos e de tudo.